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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Auschwitz-Birkenau

   Auschwitz-Birkenau. A minha demanda pelos caminhos de Anne Frank tinha, necessariamente, de passar por aqui. Depois de Bergen-Belsen e Westerbork, faltava este para completar o caminho triste da família Frank.
   Localizado a cerca de 70 quilómetros de Cracóvia, e construído depois da invasão da Polónia pelos alemães, para abrigar os prisioneiros políticos que já não cabiam nas prisões, Auschwitz foi o principal centro de extermínio da história. Só ali mais de um milhão de pessoas foram assassinadas! Visitar este campo é pois, imprescindível para conhecer um dos momentos mais trágicos e importantes da história do século XX. 


  

   
   Actualmente é possível visitar dois campos: Auschwitz I, o campo de concentração original, e Auschwitz II (Birkenau), construído posteriormente como campo de extermínio.





Auschwitz I

   Este era o campo original, que servia como centro administrativo de todo o complexo. Foi construído para abrigar os prisioneiros políticos do exército polaco. Mas não demoraram a chegar os membros da resistência, intelectuais, homossexuais, ciganos e judeus.



  À entrada do campo, o famoso portão e a frase “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta). A falsa promessa de que se trabalhassem até à exaustão, acabariam por serem libertados.



 

   Além dos barracões onde os prisioneiros eram amontoados, o campo estava dividido em diferentes blocos.










   Há salas repletas de objectos retirados aos prisioneiros: sapatos, malas, óculos, próteses, panelas e até uma vitrina com cerca de trinta metros de comprimento com cabelo, cortado aos prisioneiros antes de serem enviados para os trabalhos forçados ou para as câmaras de gás, e que posteriormente era vendido para a fabrico de tecidos. 
   

















   O Bloco 11, “o bloco da morte” ou "a prisão dentro da prisão". Era para aqui que eram encaminhados os prisioneiros que quebravam as regras ou tentavam escapar. Alguns eram obrigados a passar noites seguidas nas "celas verticais", de apenas 1,5 m², onde quatro deles eram colocados ao mesmo tempo, não tendo outra alternativa senão passarem a noite toda em pé, saindo no dia seguinte novamente para os trabalhos forçados nas fábricas. 
   No porão ficavam as "celas da fome", onde os prisioneiros ficavam sem receber comida ou água, morrerem. Lá também ficavam as "celas escuras", que tinham apenas um pequeno espaço na parede para respirar e portas sólidas. Os prisioneiros ali colocados iam gradualmente sufocando à medida que o oxigénio ia rareando dentro delas. Às vezes, os guardas acendiam velas para fazer o oxigénio acabar mais depressa.









   São Maximillian Kolbe, o mártir da caridade, foi um dos prisioneiros a morrer no Bloco 11. Preso pela Gestapo, chegou a Auschwitz em Maio de 1941, num grupo numeroso de presos. Em Julho, três prisioneiros conseguiram escapar do campo. Como represália às fugas, e como forma de aviso, o subcomandante do campo, Karl Fritzsch, ordenou que dez prisioneiros fossem levados para uma cela subterrânea onde seriam privados de luz solar, água e comida, e lá deveriam permanecer até morrer.
   Um dos homens seleccionados, Franciszek Gajowniczek, pediu misericórdia, por ter filhos e mulher. Sensibilizado, Kolbe ofereceu-se para tomar o seu lugar.
   Na cela, Kolbe celebrava a missa e cantava hinos todos os dias. Ele oferecia conforto e encorajava os outros presos. Após duas semanas de desidratação e fome, só Kolbe e outros três prisioneiros permaneciam vivos. Os guardas queriam a cela vazia e deram a cada um uma injecção letal.
   São Maximillian foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 1982 na presença de Gajowniczek.




Auschwitz II - Birkenau

   Birkenau, o  segundo campo e o de maior tamanho, localiza-se a cerca de 3 km de Auschwitz I
  A sua construção começou em Outubro de 1941, para descongestionar o primeiro e funcionar como campo de extermínio nos moldes da "Solução Final para o problema judeu", ou seja, o extermínio dos judeus como povo. Para tal foi equipado com cinco câmaras de gás e fornos crematórios. 





   Com uma extensão de 175 hectares, estava dividido em várias secções,  delimitadas por arames e grades electrificadas.







   Depois de chegarem ao campo, em vagões de carga, em condições deploráveis, os prisioneiros eram seleccionados. Alguns iam directamente para as câmaras de gás, outros eram enviados campos de trabalho, outros ainda eram usados para a realização de experiências.

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   Os prisioneiros considerados não aptos para o trabalho, eram encaminhados para as câmaras de gás, onde eram assassinados com Zyklon B. Conduzidos a uma sala comum, e acreditando que tomariam um simples banho e receberiam roupas novas, ficavam expostos, à água que caía de chuveiros acima de suas cabeças e ao terrível e letal gás.


   O Zyklon B era colocado num compartimento de metal para ser aquecido e gerar vapor. O resultado era morte por sufocamento após convulsões violentas, dores extremas, sangramento e perda das funções fisiológicas. A morte era lenta e dolorosa. Posteriormente, os exaustores sugavam o gás, para permitir a retirada dos corpos, que eram encaminhados para os fornos crematórios.




   Neste campo ainda se conservam alguns barracões originais, as enormes latrinas e os restos dos fornos crematórios e as câmaras de gás que os nazis tentaram destruir no momento da fuga, numa tentativa de ocultar as provas dos crimes horríveis ali cometidos.














   A única câmara possível de visitar encontra-se em Auschwitz I. As de Birkenau foram completamente destruídas. 
   Esta câmara de gás operou entre 1941 e 1942 e morreram ali cerca de 60 mil pessoas. Posteriormente, foi convertida em abrigo antiaéreo para uso das SS. O crematório, foi reconstruído após a guerra, usando os componentes originais, que permaneceram na área após a libertação.